ZDB, sábado, 22 de Abril, às 23h00
Modern_Beat_Sessions
Jan Jelinek (DE) // Braço (PT)
Jan Jelinek apresenta «Kosmischer Pitch» c/ Andrew Pekler e Hanno Leichtmann
Começando a publicar a sua música em Berlim através dos pseudónimos Gramm e Forss, Jan Jelinek rapidamente se estabeleceu como um dos visionários do techno da viragem do milénio. Trabalhando o dub e um jazz fractalizado miscigenado desde as entradas em techno, andava por vanguardas urbanas algures entre Sutekh ou Pole.
É curioso notar que praticamente na mesma altura em que Jelinek lançava o seu primeiro 12”, os To Rococo Rot lançavam um álbum, «The Amateur View», que é possivelmente o mais directo antecessor de «Kosmischer Pitch», disco lançado em 2005 que Jelinek vem nesta ocasião apresentar à ZDB em trio, ladeado por Andrew Pekler e Hanno Leichtmann. Visto por muitos como um dos mais conseguidos álbuns de «kraut» moderno na acepção mais ampla do género, «The Amateur View», tal como «Kosmischer Pitch», destilava para formas contemporâneas os ensinamentos dos Cluster de «Zuckerzeit», uma metronomia dos Neu em versão câmera lenta, e um trabalho baseado em samples e electrónicas analógicas cujo cunho era só seu.
Em «Kösmischer Pitch» Jelinek leva ainda mais longe o trabalho que já tinha iniciado com os australianos Triosk, editado pela Leaf e pela ~scape. Que poucos ou nenhuns trabalham o sampler como ele é já dado quase adquirido por todos os que alguma vez o escutaram com atenção. O que já conseguiu desenvolver criativamente nesta fase da sua carreira, contudo, leva-o para territórios onde a mistura profunda entre o electrónico, o digital, o analógico, o eléctrico e o acústico roça totalidades inauditas. Encontramos a «kosmische music» alemã, os clicks’n’cuts, reverberações distantes do jazz num vibrafone que pode ter pertencido a Milt Jackson, um balanço e pulso de um Jaki Liebezeit de 2ª geração, ou um loop partido por Markus Popp. Nada é sobreposto e vertical; tudo é entretecido.
Para vários já aclamado como um dos discos da sua vida, «Kosmischer Pitch» mostra-nos Jan Jelinek em contínuo e superior estado de graça. Apresentação ao vivo na altura certa.
Braço
Projecto de Afonso Simões (Phoebus, Fish & Sheep) e Pedro Gomes (CAVEIRA), os Braço utilizam uma panóplia de objectos recontextualizados e instrumentos, das mais variadas percussões, a sopros ou a um «steel drum». Principalmente focados na exploração e desconstrução de pecurssão polirrítmica partilhada, muito do seu som é amplificado por microfones e processado por pedais de efeitos.
O resultado final é totalmente improvisado, seco e angular, remontando a alguns ecos dos primeiros discos da No-Neck Blues Band, e aos momentos mais fragmentados de bandas como os This Heat, Skaters, Dead C ou Swell Maps. Dissertações compenetradas e descomprometidas em som, numa colaboração que remonta, nas mais variadas plataformas, há mais de sete anos.