Manuel Mota, citado por REP na folha da AnAnAnA: «O jazz actual é uma música abstracta. Para mim, o jazz não tem uma forma. É uma vivência, um “work-in-progress” individual ou colectivo, é uma música aberta que assimila uma multiplicidade de influências (outras músicas, outras artes, influências sociais), uma música que valoriza a expressão individual, que sacraliza o momento de execução, o tocar. Fraseio, e é com essas frases que o meu discurso é construído. Assumo o som da guitarra fazendo-a soar na sua totalidade, explorando todas as suas possibilidades. O que fez John Coltrane ao longo da sua carreira? Quantas vezes não foi questionada a sua música em relação ao jazz? Também os blues, a sua depuração e ao mesmo tempo a sua permeabilidade e abertura são uma componente essencial do meu trabalho, como o será de muito do jazz. Ainda este estava preso às estruturas do bebop e já John Lee Hooker praticava uma forma musical de estrutura aberta, ainda que, como é óbvio, não esteja a defender que Hooker era um músico de vanguarda...».