«Há poucos músicos assim, em que a vida e obra se unem num corpo apenas. Ao longo dos seus quase 60 anos, Loren MazzaCane Connors foi mostrando a sua arte com o ritmo errante da vida. Decidiu abraçar tardiamente o instrumento que lhe deu fama, esteve longos períodos sem dedicação à música, experimentou a pintura, andou pelo rock, pela folk, mas só em finais dos anos 80 é que se aproximou definitivamente da guitarra eléctrica, e a sua técnica e composição recente abraça sem desistência a doença de Parkinson que lhe foi diagnosticada há alguns anos. Loren Connors é, como se vê, um músico de entrega total e nutre uma abertura rara por tudo aquilo que o rodeia: a união afectiva com Suzanne Langille colocou-a no centro da sua música e a sua própria linguagem esteve sempre em evolução pelas inúmeras colaborações que teve em 20 anos de activismo musical (de Keiji Haino a Rafael Toral, passando pelos seus conterrâneos como Licht, Fahey ou Thurston Moore). Sails documenta mais um pedaço da sua obra, em formato evolutivo, partindo da guitarra pura para um proto-ambientalismo imerso em drones e phasing. Há uma paz arrepiante ao longo dos vários temas que se comunicam e interligam, parecendo mostrar que o branco pode ser a cor (ou ausência desta) perfeita para ilustrar as ondas de um mar interior. Se o corpo pode definhar, como todos definham, o espírito de Loren Connors parece ir encontrando o caminho da tranquilidade eterna. Um disco belíssimo e tocante». - Flur