KREISEL é novo projecto de Claus van Bebber e Michael Vorfeld, dois artistas plásticos e sonoros alemães que operam na área de influência da editora germânica Nurnichtnur, na linha do que Martin Tétreault, Christian Marclay, Philip Jeck, Otomo Yoshihide e outros artistas da broken music têm vindo a fazer. Mais antigo que qualquer daqueles, desde os anos 70 que Bebber trabalha com gira‑discos. Neste sentido, pode ser considerado um veterano do turntablismo, forma de arte em que o gira-discos, de aparelho reprodutor, é elevado à categoria de produtor sonoro.
Montada a habitual bateria de aparelhos obsoletos com design dos anos 50 e 60, é neles Claus van Bebber toca, não quaisquer discos de vinyl, mas material que previamente prepara (discos partidos e colados, superfícies onde as agulhas possam riscar, etc.) que vai sobrepondo de forma a criar efeitos rugosos irregulares e intermitentes, ciclos encantatórios de obsessiva repetição. Em parte, instalações visuais, noutra fontes de criação sonora, em KREISEL, Claus van Bebber ensaia manifestações da ideia de concerto de discos (“Schallplattenkonzert”), aqui partilhada com Michael Vorfeld, artista de Berlim, colaborador regular em percussões e instrumentos de corda da sua própria manufactura. A combinação das percussões tocadas com diferentes de técnicas e artefactos (arcos, blocos, peles, cordas), produz imensa variedade de sons, seccionando os círculos concêntricos que se deslocam em rotações diferenciadas. Trabalho aturado sobre a forma, que prende a atenção e convida ao encontro com as novas formas de dadaismo. Produção da Nurnichtnur para a Creative Sources Recordings.